sexta-feira, 2 de março de 2012

Elogio ao amor


(Miguel Esteves Cardoso - Expresso)


"Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas.
Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la.
Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível.
A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber.
Não é por falta declareza. Serei muito claro.
Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro.
Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade.
Já ninguém quer viver um amor impossível.
Já ninguém aceita amar sem uma razão.
Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática.
Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado.
Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido.
Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama.
Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em "diálogo".
O amor passou a ser passível de ser combinado.
Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões.
O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem.
A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível.
O amor tornou-se uma questão prática.
O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam "praticamente" apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido,do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço.
Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje.
Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do "tá bem, tudo bem", tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance,romanticidas. Já ninguém se apaixona?
Já ninguém aceita a paixão pura,a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra.
O amor não é para ser uma ajudinha.
Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida,o nosso "dá lá um jeitinho sentimental".
Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos.
Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores.
O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade.
Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo.
O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto.
O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor.
A "vidinha" é uma convivência assassina.
O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino.
O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima.
O amor não se percebe. Não é para perceber.
O amor é um estado de quem se sente.
O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar.
A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade.
É por isso que a ilusão é necessária.
A ilusão ébonita, não faz mal.
Que se invente e minta e sonhe o que quiser.
O amor é uma coisa, a vida é outra.
A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida.
A vida que se lixe.
Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre.
Ama-se alguém.
Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente.
O coração guarda o que se nos escapa das mãos.
E durante o dia e durante a vida, quando não está lá quem se ama, não é ela que nos acompanha - é o nosso amor, o amor que se lhe tem.
Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz.
Não se pode ceder. Não se pode resistir.
A vida é uma coisa, o amor é outra.
A vida dura a Vida inteira, o amor não.
Só um mundo de amor pode durar a vida inteira.
E valê-la também."

Textos que refletem os nossos pensamentos...

"Ela"

"Ela tem um olhar triste e vazio.
Um olhar que só carrega mágoa e lágrimas.
Lágrimas que ela se recusa a chorar, ela prefere guarda-las, no lugar onde devia estar um coração, onde devia existir amor e não ódio.
As pessoas chamam-lhe fria, insensível, dizem que ela é egoísta e que não se importa com ninguém.
Mas isso não é verdade,... não.
Ela importa-se, e é isso que a magoa, ela importa-se demais, mesmo que por vezes as suas acções não o demonstrem.
Ela diz sofrer, desculpa-se com uma serie de desilusões, que podiam ter sido evitadas, se não fossem as demasiado altas expectativas que ela criou sobre tudo e sobre todos.
Agora, magoada e desiludida, ela magoa os outros, ignora quem mais devia proteger e esconde as saudades com orgulho, como se isso fosse a coisa mais natural do mundo.
Não é, é apenas mais fácil que perdoar."

By: Ana Santos



"Sozinha mas não só"

"Todos os dias nos cruzamos com centenas, senão milhares de pessoas.
Todos os dias pensamos, sonhamos e sentimos mais centenas e milhares de coisas, pelas mais variadas razões.
E muitas vezes, queremos isolar-nos, estar apenas no nosso mundo, apenas nos, sozinhos no meio da multidão.
Tantas vezes somos c...ompletamente esmagados, espezinhados e agredidos por aqueles que estão a nossa volta que só nos queremos isolar depois disso.
Queremos fugir, esquecer o resto do mundo, esquecer que tudo existe, porque demos uma mão cheia de tudo e recebemos outra mão cheia de nada.
Sentimo-nos magoados e acabamos a magoar os que mais gostam de nós, os que apenas querem ver-nos com um sorriso no rosto.
E nós fugimos, para lugar nenhum e para parte incerta.
O nosso corpo permanece naquele sitio mas está vazio porque não estamos ali, porque a dor é tanta que ultrapassa os limites do suportável, e tantas vezes damos por nós de lágrimas nos olhos e a morder os lábios para não chorar ali. "ás vezes afastamo-nos de quem mais amamos e não é porque deixamos de gostar deles, ás vezes até gostamos mais"
Eu já lá estive, nessa terra chamada Nenhures, entre o sonho e a realidade.
Já me afastei de tudo e de todos porque algo me esmagou o coração com tanta força que mal conseguia respirar, porque dei tanto e recebi tão pouco.
Mas aprendi a lição... Aprendi que desses milhares de pessoas que passam por nós são poucas as que realmente se importam e vão ficar, são poucas as que quando quisermos estar sozinhos vão pegar na nossa mão e dizer: "não, não te vou deixar, sozinha mas ao meu lado.", são poucas as que vão gritar no meio da rua que nos amam, são poucas as que vão fazer de tudo para nos ver sorrir.
São poucas, mesmo muito poucas e nós só temos de perceber quem são.. Por isso, digo-te: sozinha no meio da multidão, tudo bem, mas eu vou estar ao teu lado, vou agarrar a tua mão e ficaremos sozinhas juntas."

By: Sofia Valada



"Sinto medo, angústia e procupação.
Preocupação para comigo e por aquilo que estou a perder de mim.
Dor, fracasso e histórias incompletas.
Palavras a ecoar na cabeça e sentimentos a deambular no coração.
Textos e palavras perdidas.
Tentativas fracassadas de esquecer o que não pode ser apagado....
Sinto amor por mim própria e ao mesmo tempo muita raiva.
Sinto revolta e nervos. Arrependimento. Sinto saudades. Muitas saudades.
Dúvido do que sou, e questiono-me.
Gostava de ser forte e de enfrentar o mundo inteiro sozinha. Mas não consigo.
Faz-me falta mais uma alma, mais um ser que me faça sentir o contrário do que sinto.
Ataques de raiva e fúria súbida. Sinto tudo.
Preciso de força, preciso de sentir aquilo que me fizeste sentir.
Ás vezes gostava que ouvisses o meu grito interior. Sinto tudo.
Tudo aquilo que não queria sentir. Tudo aquilo que me faz mal e que me transforma.
Preciso de paz, de tranquilidade, de segurança, de força. Preciso de amor. Preciso de mim.
Tenho saudades de mim. E de ti. E de nós. E de sentir o contrário do que sinto.
Porque sinto tudo. Sinto tudo o que um nada representa."

By: Keep calm and enjoy, the best photos (Ana)



"Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. Às
vezes tu não consegues nem dar cem por cento de ti para ti mesmo, como cobrar
cem por cento do outro? Se ele ou ela não te quer mais, não forces a pessoa. O
outro tem o direito de não te querer. Não discutas, não ligues, não dês Se a
pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe te a ti esperar... ou não. Existe
gente que precisa da ausência para querer a presença. tem dúvidas e medos, mas
se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Gostar dói. Muitas vezes tu vais
sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte. tu convives com outro ser,
um outro mundo, um outro universo. E nem sempre as coisas são como tu gostarias
que fossem... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver. Se alguém vier
com esta conversa, corra, afinal tu não ex terapeuta. Se não quer se envolver,
namore uma planta. É mais previsível. Enfim...quem disse que ser adulto é fácil???"