quarta-feira, 18 de novembro de 2015

sábado, 14 de novembro de 2015

Tenho Saudades da Carícia dos Teus Braços

Tenho saudades da carícia dos teus braços, dos teus braços fortes, dos teus braços carinhosos que me apertam e que me embalam nas horas alegres, nas horas tristes.
Tenho saudades dos teus beijos, dos nossos grandes beijos que me entontecem e me dão vontade de chorar.
Tenho saudades das tuas mãos (...)
Se um dia alguém se julgar com direitos a perguntar-te o que fizeste de mim e da minha vida, tu diz-lhe, meu amor, que fizeste de mim uma mulher e da minha vida um sonho bom; podes dizer seja a quem for, a meu pai como a meu irmão, que eu nunca tive ninguém que olhasse para mim como tu olhas, que desde criança me abandonaram moralmente que fui sempre a isolada que no meio de toda a gente é mais isolada ainda.
Podes dizer-lhe que eu tenho o direito de fazer da minha vida o que eu quiser, que até poderia fazer dela o farrapo com que se varrem as ruas, mas que tu fizeste dela alguma coisa de bom, de nobre e de útil, como nunca ninguém tinha pensado fazer. Sinto-me nos teus braços defendida contra toda a gente e já não tenho medo que toda a lama deste mundo me toque sequer.

Florbela Espanca, in "Correspondência (1920)"  

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Eu vi que mudei...

Eu vi que mudei. Não consigo mais acreditar nas pessoas como eu acreditava antes. Tenho medo do amor, de colegas de trabalho e até de bater meu dedinho na quina pela quinta vez consecutiva. Tive muitas dessas decepções que endurecem nosso coração. To cheia de escudos. Não abro mais a porta de casa para qualquer um e não fico por mais de dez minutos na vida de quem usa traumas para justificar tudo. Aprendi que quem quer estar ao meu lado da um jeito, e não desculpas.
Quem merece minha amizade dá motivos, e não ausência. Quem merece meu abraço me dá a mão, e não novidades em formas de soco no estômago.
Me sinto diferente. Não tolero mentiras e nem mancadas. Antes eu engolia seco e deixava pra lá. Mas já faz um tempo que tenho saliva suficiente pra cuspir nesses humanos que aparecem por aí. Tenho coragem o suficiente para assumir que nem sempre a culpa é dos outros – E aí cuspo pra cima e sou atingida pela minha própria indignação. Já é tempo de entender que a projeção que a gente faz das coisas ou dos outros é uma responsabilidade nossa, e não deles. A fé que você deposita neles é um problema ou uma dádiva sua. E só.
Alguns dirão que estou com travas. E há os que digam que estou dura demais. Mas, eu abro minha coca-cola gelada, dou um riso de lado e falo: É amadurecimento. É preciso amadurecer para não se machucar nesses tombos da vida. As pessoas irão te usar e te empurrar. E por mais precavido que você (também) esteja, eu sinto em dizer… você também irá cair – “Mas quem sete vezes cai, levanta oito”.
Eu vi que mudei. E é tão bom re-harmonizar tudo outra vez.

Escrito por Fernanda Giocondo – Via Obvious